Notícias Quinta-feira, 27 de Julho de 2017, 10:52 - A | A

Quinta-feira, 27 de Julho de 2017, 10h:52 - A | A

REAÇÃO EM CADEIA

Reajuste de tributos dos combustíveis pode gerar retração de investimentos

Os impactos a curto prazo devem impactar na elevação de preços em todos os setores. Governo de MT também estuda elevar imposto do óleo diesel

Assessoria

Dr. pascoal santullo neto

Dr. Pascoal Santullo Neto, do escritório Silva Cruz & Santullo,
Advogados Associados

Com a decisão do desembargador Hilton Queiroz, presidente do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1), que derrubou nesta quarta-feira (26) a decisão judicial que havia suspendido o aumento no preço dos combustíveis, o reajuste volta a vigorar em todo país. Em Mato Grosso, os novos preços já variam desde a semana passada entre 20, 21 e 41 centavos no litro do etanol, óleo diesel e gasolina, respectivamente. 

 

O reflexo da elevação dos tributos Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) pelo governo federal já refletiu no bolso do consumidor final, que se deparou com uma bomba mais cara na ordem de 75 a 89 centavos e um efeito cascata sobre os preços de fretes para transporte de mercadorias, na indústria, no atacado e varejo.

 

Conforme o advogado tributarista Pascoal Santullo Neto, a medida veio conjugada ao corte orçamentário de R$ 5,9 bilhões para tentar estabilizar o déficit primário orçamentário em R$ 139 bilhões; e gerar saúde financeira por meio de uma arrecadação complementar de R$ 10,4 bilhões. “Com isso, busca-se mais credibilidade à fazenda pública, que historicamente é deficitária. No entanto, o efeito negativo a curto prazo é gerar um cenário econômico que afugenta investidores nacionais e internacionais”. 

 

Frente a todos os combustíveis, o único que se manteve mais competitivo foi o etanol, que teve uma elevação menor, de 20 centavos por litro. Ainda assim o cenário é de deflação, que é o efeito de frear a inflação com medidas monetárias ou financeiras, que neste caso devem impactar em um menor poder de compra do consumidor, sinalizando por outro lado em desaquecimento econômico e elevação dos preços. “Por um lado, temos o governo buscando manter uma meta fiscal prudente, do outro, há um setor privado arrochado, sobretudo o contribuinte que acaba pagando a conta”.

 

Paralelamente, Mato Grosso que também enfrenta crise econômica e de arrecadação, também estudava a elevação do imposto sobre o óleo diesel em R$ 0,10 o litro, gerando uma arrecadação de R$ 300 milhões a mais por ano aos cofres públicos. O montante seria usado para socorrer a saúde estadual. “A proposta estava sendo muito bem estudada pela equipe econômica, mas pode significar uma dose alta demais desse remédio”, afirmou o chefe da Casa Civil, José Adolpho de Lima Avelino Vieira.

 

REMÉDIO AMARGO

 

Santullo pontua que são três os remédios para manter a credibilidade das contas públicas e, com isso, atrair investimentos em médio e longo prazo, que são: controle de inflação, juros altos e emissão de título de dívida pública para amortizar o saldo devedor da dívida. “Apesar de amargo, o controle da meta fiscal, neste contexto, é importante para o Brasil”.

 

O contingenciamento de aproximadamente R$ 5,9 bilhões se referente a despesas não obrigatórias do orçamento. Em março, o governo já havia bloqueado R$ 42,1 bilhões, mas, em maio, fez a liberação de R$ 3,1 bilhões. Com esta nova decisão, o volume bloqueado aumentou para R$ 44,9 bilhões. Esse corte adicional deve ser revertido antes do fim do ano com a entrada de recursos extraordinários previstos ao longo do segundo semestre. A medida foi motivada pela queda da arrecadação e em função da recessão e dos maus resultados, principalmente das empresas e de pessoas financeiras.

 

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